5.11.11

       Um dia eu precisei amar a minha dor. Era o único jeito que tinha de continuar vivendo. Ou aprendia, ou morreria com ela. Resolvi aprender. Desde então, minha dor é minha companheira, minha mestra, minha parceira. Deixou de ser minha inimiga no momento em que eu a olhei nos olhos e aceitei conhecê-la com mais propriedade. Quis entrar nos mistérios de seus mecanismos com o intuito de poder administrar melhor suas consequências.
       Eu não a busco, mas, quando chega, abro as portas para que não force as janelas. Deixo que entre, ofereço-lhe um café, olho nos seus olhos para que cesse o medo e depois me empenho em deixar que fique o tempo necessário, até que se dissolva por si só, pela força do tempo. Quando acolhida, a dor se dissipa aos poucos, e, de maneira incrível e surpreendente, o que parecia ser tão definitivo transforma-se em matéria transitória.

"Tempo de Esperas"
Pe. Fábio de Melo

Nenhum comentário:

Postar um comentário