27.10.11

Liberdade, Liberdade!

Sangra o coração o dispêndio da juventude
Em favor do sucesso – e, tudo é incerto.
Risos calados, lembranças que não ocorrerão,
Momentos outorgados em favor de interesses,
Interesses de um mundo que só quer de ti o tempo
 – Roubam-se os amores em prol dos números –
O mundo em que ter é melhor do que ser.

E quando velho, de que se orgulhar?
Afinal, bela ou sofrida, a chance que temos é o agora,
Só se vive uma vez, só se vive esta vez.
E de que viveremos? Das lembranças do quase?
Dos filhos, que deixamos de ver crescer para ganhar mais?
Dos passeios que adiamos, das conversas que não tivemos,
Dos amores que preferimos abandonar?
Do tempo que vendemos?

Seja lá o que for, rasgue os planos, queime seus papéis!
Viva o dia, viva a vida, seja complacente contigo mesmo!
Afinal, quem planta liberdade colhe momentos,
Quem planta sucesso colhe futilidade
 – alimenta-se daquilo que não lhe pertence.

[Lucas Magalhães]

14.10.11

É como se o céu houvesse desabado;
e sentir o vento bater forte,
chocar com as mãos atadas, geladas,
que as circunstâncias ataram para trás.


É ver as nuvens vencendo o seu sol,
e duvidar que amanhã é de novo dia;
ter certeza que deve abraçar seu amor,
pois este é seu último entardecer.


É ver o céu vender todo seu azul
e empobrecer-se com o enegrecer;
é andar lento debaixo do temporal,
e, desorientado, pensar no que fazer.


É ignorar a distância que se faz,
saber de seus caminhos e não correr atrás.
Ter flores a entregar,
e preferir vê-las murchar - amo você.


(Lucas Magalhães)

1.10.11

"Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala." (José Saramago)